ESTUDOS DE REDAÇÃO
1.
O que é dissertação
Dissertar é um ato praticado
pelas pessoas todos os dias. Elas procuram justificativas para a elevação dos
preços, para o aumento da violência nas cidades, para a repressão dos pais. É mundial
a preocupação com a bomba atômica, a AIDS, a solidão, a poluição. Muitas vezes,
em casos de divergência de opiniões, cada um defende seus pontos de vista em
relação ao futebol, ao cinema, à música.
A vida cotidiana traz
constantemente a necessidade de exposição de idéias pessoais, opiniões e pontos
de vista. Em alguns casos, é preciso persuadir os outros a adotarem ou
aceitarem uma forma de pensar diferente. Em todas essas situações e em muitas
outras, utiliza-se a linguagem para dissertar, ou seja, organizam-se palavras,
frases, textos, a fim de, por meio da apresentação de idéias, dados e
conceitos, chegar-se a conclusões.
Em suma, dissertação implica
discussão de idéias, argumentação, organização do pensamento, defesa de pontos
de vista, descoberta de soluções. É, entretanto, necessário conhecimento do
assunto que se vai abordar, aliado a uma tomada de posição diante desse
assunto.
2.
A Dissertação Expositiva
Tem por
objetivo expor algum conceito.Exemplo:
A leitura, que é um testemunho
oral da palavra escrita de diversos idiomas, com a invenção da imprensa,
tornou-se uma atividade extremamente importante para o homem civilizado,
atendendo múltiplas finalidades.(wikipedia)
3.
A Dissertação Argumentativa
Defende uma opinião com base em
argumentos.
Benefícios
da leitura
Como a leitura pode transformação
nossa realidade? A leitura é extremamente importante, não apenas por ser
fundamental em nossa formação intelectual, mas também por permitir a todos um
acesso a um mundo de informações, ideias e sonhos. Sim, pois ler é ampliar
horizontes e deixar que a imaginação desenhe situações e lugares desconhecidos
e isto é um direito de todos.
A leitura permite ao homem se
comunicar, aprender e até mesmo desenvolver, trabalhar suas dificuldades. Em
reportagem recente, uma grande revista de circulação nacional atribuiu à
leitura, a importância de agente fundamental para a transformação social do
nosso país. Através do conhecimento da língua, todos tem (sic) acesso à
informação e são capazes de emitir uma opinião sobre os acontecimentos. Ter
opinião é cidadania e essa parte pode ser a grande transformação social do
Brasil.
Os benefícios da leitura são
cientificamente comprovados. Pesquisas indicam que crianças que tem (sic) o
hábito da leitura incentivado durante toda a vida escolar desenvolvem seu senso
crítico e mantém seu rendimento escolar em um nível alto. O analfabetismo, um
dos grandes obstáculos da educação no Brasil está sendo combatido com a
educação de jovens e adultos, mas a tecnologia está afastando nossas crianças
dos livros.
(redação nota 10
do Enem, autor não informado)
Argumentação
A base de uma dissertação é a
fundamentação de seu ponto de vista, sua opinião sobre o assunto. Para tanto,
deve-se atentar para as relações de causa-conseqüência e pontos favoráveis e
desfavoráveis, muito usadas nesse processo.
Algumas expressões indicadoras de causa e
conseqüência:
causa: por causa de, graças a, em virtude de, em vista
de, devido a, por motivo de
conseqüência: conseqüentemente, em decorrência, como resultado,
efeito de
Algumas expressões que podem ser usadas para
abordar temas com divergência de opiniões: em contrapartida, se por um lado...
/ por outro... , xxx é um fenômeno ambíguo, enquanto uns afirmam... / outros
dizem que...
Exemplo de argumentação para a tese de que as
abelhas são insetos extraordinários:
porque tem instinto muito apurado
porque são organizadas em repúblicas disciplinadas
porque fornecem ao homem cera e mel
apesar de seus ferrões e de sua força quando
constituem um enxame
Mesmo quando se destacam
características positivas, é bom utilizar ponto negativo. Neste caso,
destaca-se que a importância dos pontos positivos minimizam a negatividade do
outro argumento.
Um argumento é um conjunto de enunciados
-- mas não um conjunto qualquer de enunciados. Num argumento os enunciados têm
que ter uma certa relação entre si e é necessário que um deles seja apresentado
como uma tese, ou uma conclusão, e os demais como justificativa da tese, ou
premissas para a conclusão. Normalmente argumentos são utilizados para provar
ou disprovar algum enunciado ou para convencer alguém da verdade ou da
falsidade de um enunciado.
Assim
sendo, o seguinte conjunto de enunciados não é, na realidade, um argumento:
1. Todos os metais se dilatam com o
calor
2. Todas os meses há pelo menos
quatro domingos
3. Logo, a UNICAMP é uma boa
universidade.
Neste caso, embora todos os enunciados
sejam (pelo menos à primeira vista) verdadeiros, e embora eles se disponham
numa forma geralmente associada com a de um argumento (premissa 1, premissa 2,
e conclusão, precedida por "logo"), não temos um argumento porque os
enunciados não têm a menor relação entre si. Não devemos sequer afirmar que
temos um argumento inválido aqui, porque mesmo num argumento inválido as
premissas e a conclusão precisam ter uma certa relação entre si.
Por
outro lado, o seguinte é um argumento:
4. Todos os homens são mortais
5. Sócrates é homem
6. Logo, Sócrates é mortal.
Neste caso, temos um argumento válido,
em que todas as premissas são verdadeiras e a conclusão também -- ou pelo menos
assim parecem à primeira vista.
A Forma de um Argumento
Argumentos têm uma certa forma ou
estrutura. O argumento constituído pelo conjunto de enunciados (2) tem a
seguinte forma:
7. Todos os x são y
8. z é x
9. Logo, z é y.
Imaginemos o seguinte argumento, que tem
a mesma forma do argumento constituído pelo conjunto de enunciados 4-6:
10. Todos os homens são analfabetos
11. Raquel de Queiroz é homem
12. Logo, Raquel de Queiroz é
analfabeta.
Este argumento, diferentemente do
argumento constituído pelos enunciados 4-6, tem premissas e conclusão todas
falsas. No entanto, tem exatamente a mesma forma ou estrutura do argumento
anterior (forma explicitada nos enunciados 7-9). Se o argumento anterior (4-6)
é válido (e é), este (10-12) também é.
Quando dois ou mais argumentos têm a
mesma forma, se um deles é válido, todos os outros também são, e se um deles é
inválido, todos os outros também são. Como o argumento constituído pelos
enunciados 4-6 é válido, e o argumento constituído pelos enunciados 10-12 tem a
mesma forma (7-9), este (1012) também é válido.
A Forma de um Argumento
e a Verdade das Premissas
O último exemplo mostra que um argumento
pode ser válido apesar de todas as suas premissas e a sua conclusão serem
falsas. Isso é indicativo do fato de que a validade de um argumento não depende
de serem suas premissas e sua conclusão efetivamente verdadeiras.
Mas
se esse é o caso, quando é um argumento válido?
Argumentos Válidos e
Inválidos
Um argumento é válido quando, se todas
as suas premissas forem verdadeiras, a sua conclusão tiver que,
necessariamente, ser verdadeira (sob pena de auto-contradição).
Considere
os dois argumentos seguintes, constituídos, respectivamente, pelos enunciados
13-15 e 16-18
Primeiro:
13. Se eu ganhar sozinho na Sena,
fico milionário
14. Ganhei sozinho na Sena
15. Logo, fiquei milionário
Segundo:
16. Se eu ganhar sozinho na Sena,
fico milionário
17. Não ganhei sozinho na Sena
18. Logo, não fiquei milionário
Esses dois argumentos são muito
parecidos. A forma do primeiro é:
19. Se p, q
20. p
21. Logo, q
A
forma do segundo é:
22. Se p, q
23. não-p
24. Logo, não-q
O primeiro argumento é válido porque se
as duas premissas forem verdadeiras a conclusão tem que, necessariamente, ser
verdadeira. Se eu argumentar com 13 e 14, e concluir que não fiquei milionário,
estou me contradizendo.
O
segundo argumento é inválido porque mesmo que as duas premissas sejam
verdadeiras a conclusão pode ser falsa (na hipótese, por exemplo, de eu herdar
uma fortuna enorme de uma tia rica).
Falácias
e Argumentos Sólidos ou Cogentes
Argumentos da forma representada pelos
enunciados 22-24 são todos inválidos. Dá-se o nome de falácia a um argumento
inválido, mas não, geralmente, a um argumento válido que possua premissas
falsas.
A um argumento válido cujas premissas
são todas verdadeiras (e, portanto, cuja conclusão também é verdadeira) dá-se o
nome de um argumento cogente ou sólido.
Argumentos,
Convicção e Persuasão
Um argumento cogente ou sólido deveria
convencer a todos, pois é válido e suas premissas são verdadeiras. Sua
conclusão, portanto, segue das premissas. Contudo, nem sempre isso acontece.
Em
primeiro lugar, muitas pessoas podem não admitir que o argumento é cogente ou
sólido. Podem admitir a verdade de suas premissas e negar sua validade. Ou
podem admitir sua validade e negar a verdade de uma ou mais de suas premissas.
Em segundo lugar, algumas pessoas podem
estar certas da validade de um argumento e estar absolutamente convictas de que
a conclusão é inaceitável, ou falsa. Neste caso, podem usar o mesmo argumento
para mostrar que pelo menos uma de suas premissas tem que ser falsa.
Um argumento inválido (falácia), ou um
argumento válido com premissas falsas, não deveria convencer ninguém. No
entanto, muitas pessoas são persuadidas por argumentos desse tipo.
A questão da validade ou não de um
argumento é inteiramente lógica.
A questão da cogência ou solidez de um
argumento é ao mesmo tempo lógica (porque depende da sua validade) e
epistemológica (porque depende de suas premissas serem verdadeiras).
A questão da força persuasiva de um
argumento é uma questão psicológica, ou psicossocial.
Eduardo O C Chaves
Disponível em:
http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/logarg.htm